Vou falar dessa coisa fabulosa que são as empresas que têm fé no seu negócio, que acreditam que o produto ou serviço que vendem é um milagre capaz de mudar a indústria, alterar os hábitos de consumo, desafiar o status quo e os pressupostos que a concorrência toma como factos.
Uma empresa com fé não é apenas uma empresa inovadora.
Muitas das inovações que por aí se rezam são meros "santos de pau oco", falsas profecias, baseadas em credos duvidosos que facilmente se esfumam ou desmontam.
O relatório World's Most Innovative Companies está recheado de exemplos capazes de converter cépticos em crentes. Segundo este relatório, as empresas cuja "fé move montanhas" e que por todo o mundo convertem seguidores, têm em comum algumas best practices em que toda a empresa com a condição de mortal se deve inspirar:
#1 Esperar o Excepcional
Esta frase parece um daqueles soundbytes que lemos na missão de muitas empresas mas a verdade é que a Google concentra-se nos pequenos detalhes que podem fazer a diferença não naqueles objectivos grandiosos e eloquentes que só ficam bem estampados numa t-shirt.
Consta que o projecto das lâmpadas LED esteve numa gaveta na Phillips durante 50 anos mas acabou por sair para o mercado em 11 meses quando alguém lhe fixou um prazo. A inovação numa empresa não surge num "momento aha!", fruto de um sonho, visão ou flash de inspiração divina.
A inovação treina-se, sistematiza-se, obedece a procedimentos, a regras e a tarefas.
A inovação treina-se, sistematiza-se, obedece a procedimentos, a regras e a tarefas.
Muitas das excelentes ideias não são ideias de negócio, isto é, não são auto-sustentáveis.
É incontável o número de pessoas com projectos brilhantes que não passam de fantasias completamente inviáveis. Os bons negócios pressupõem que pessoas reais paguem dinheiro a sério por um determinado produto ou serviço. É claro que existem ideias geniais que se converteram em negócios financiados através das receitas de publicidade, como o Facebook, mas são apenas as excepções que confirmam a regra...#4 A sustentabilidade não é apenas uma coisa bonita
Muitas empresas usam a etiqueta "amiga do ambiente" ou "ecológica" ou "verde" como uma descarada mentira. Sucede porém que o que distingue as empresas bem sucedidas são factores como eficiência energética, energias alternativas e reciclagem.
A Levi Strauss, a dinossáurica empresa de jeans produz hoje 10% das suas roupas em tecidos recicláveis mas tem como objectivo chegar aos 100%. As frotas da FedEx e da Coca-Cola incorporam já uma elevada percentagem de híbridos.
#5 O recurso a talento a uma ESCALA GLOBAL aumenta as possibilidades
Muitas empresas externarlizam serviços para a Índia ou para África beneficiando não só de mão-de-obra qualificada ao preço de amendoins mas também de novas formas de olhar para o negócio e de pensar em soluções para o dia-a-dia.
O crowdsourcing, isto é, a procura de público genuinamente interessado não de meros investidores, fez crescer empresas como a GoPro, convertendo um produto que começou por ser uma excentricidade de atletas radicais numa utilidade para pais de família cautelosos e para crianças em triciclo.
#7 O CONFLITO é um supérfluo
Algumas empresas cultivam um clima de beligerância que decorre de uma cultura oldfashioned e/ou da personalidade conflituosa do líder (falei sobre isto em "Na bola como na vida... há líderes que não se aguentam"). Noutras, o domínio de sindicatos, de lobbies ou de small politics funcionam como força de bloqueio.
Quem tem fé está acima disto. As empresas têm de acreditar que o seu negócio é mais forte do que estas ameaças e pecadilhos.
Para ser grande há que ser inteiro...
As empresas vendem soluções para resolver os problemas das pessoas.
Apenas as empresas que conseguem apresentar essas soluções em tempo útil a um preço justo fazem felizes os seus clientes.
Clientes felizes voltam e divulgam, aumentando assim o resultado da empresa e consequentemente a felicidade da organização.
- #9 O software é mais importante que o HARDWARE
#10 O sufixo "made in China" pode ser uma VANTAGEM
Não obstante as questões humanas e o recurso a mão-de-obra de qualificação duvidosa para produção em massa de produtos cuja qualidade é também duvidosa, a verdade é que só os parvos podem continuar agarrados ao estereótipo da China dos "bazares de 1€". Hoje a China não é só o país dos plásticos e dos plágios. São inúmeras as empresas chinesas com avanço tecnológico incomparável logo há que olhar para este país com menos desconfiança e mais respeito (dentro do género).
#11 Existe uma APPeconomia liderada pela Apple
Esta APPeconomia é liderada pelos jogos. O Candy Crush Saga gerou quase 1 milhão de dólares por dia! Não obstante a empresa que criou o jogo não entra na lista da World's Most Innovative Companies simplesmente porque tardou uma década a produzir um best-seller não existindo confiança no mercado de que seja capaz de manter a cadência.
A Apple deixou de entregar o desenvolvimento e comercialização de Apps a terceiros para se dedicar a este negócio que em 2013 rendeu 10 biliões de dólares em vendas na App Store!!!!
#12 DREAM BIG é um requisito não uma vaidade
Já é verdade que os carros falam. Já é verdade que carros utilitários com mensalidade inferior a um salário mínimo lêem mails e mensagens de texto. Quem sonhou um dia com estas possibilidades foi um louco ou um visionário, alguém que não pensou pequeno e que concebeu ser possível trazer um pouco do futuro que vende Hollywood para a nossa pacata realidade.
O mundo actual está repleto de exemplos como estes, sendo que o pensar em grande se aplica a coisa tão pequenas como criar uma intranet numa empresa com pouca gente ou agradecer a cada cliente da empresa com um presente personalizado.
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