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domingo, 18 de janeiro de 2015

CEO da marca "EU"

A gestão da marca pessoal é fundamental para prolongarmos o ciclo de vida do produto que somos.
Em primeiro lugar, qualquer que seja a nossa formação, idade ou percurso profissional devemos sempre considerar-nos como uma marca.
Porquê?
Somos inequivocamente seres únicos, uma combinação genética muito particular de células, umas tantas características inatas e muitas outras que adquirimos ao longo da vida, que determinam a forma como agimos perante desafios, como resistimos e reagimos a adversidades, como competimos ou meramente sobrevivemos a cada dia.
Somos seres humanos em mutação, cada vez mais complexos e completos, idealmente tão mais sábios quanto mais velhos. Somos também trabalhadores em processo contínuo de formação e de aprendizagem, pelo que, mesmo não estanho activamente à procura de emprego, por questões de ego ou meramente de auto-estima, devemos querer ser percebidos como marca premium e não como commodity, no mercado de trabalho.
Em segundo lugar, sendo uma marca, devemos reavaliar-nos periodicamente, pelo menos fazer planos estratégicos anuais, olhando para nós, para o que conseguimos, para o que queremos e para o que queríamos há doze meses, com sentido crítico e objectivo de forma a avaliar a consistência do produto que comunicamos.
Ser CEO significa ter poder. 
No caso da marca pessoal, independentemente dos reveses e azares que o destino nos prepara, está nas mãos de cada um controlar e gerir a sua reputação. As nossas acções devem todas ser consistentes com a manutenção de um conceito único, distinto e credível.
A checklist da gestão da marca incluí os seguintes pontos:
1. Identificar as nossas mais-valias
isto é, as características pessoais ou combinação de atributos que fazem de nós uma pessoa difícil de imitar. Esses pontos fortes têm necessariamente de ser relevantes para o ecossistema que identificamos como o nosso mercado de trabalho natural.
2. Identificar o que é relevante na indústria em que trabalhamos (ou queremos trabalhar)
Depois da licenciatura, os estágios e empregos que aceitamos empurram-nos ou puxam-nos inevitavelmente para uma determinada indústria. Se identificamos que a indústria em que entramos não nos fascina devemos procurar rapidamente uma alternativa pois o mais certo é que, depois de uma experiência superior a dois anos numa área (como mandam os requisitos de recrutamento), façamos a nossa evolução futura nessa mesma área. Quanto mais perdurarmos nesse negócio mais dificilmente conseguimos mudar.
As empresas procuram tendencialmente especialistas e não gerenalistas por isso a coerência acaba por ser imposta pelo próprio mercado.
O ideal é que o nosso nome seja uma referência positiva no mercado, entre quem nos paga o ordenado, clientes, fornecedores e concorrentes.Devemos por isso ter uma cautela imensa quando nos pronunciamos sobre entidades que gravitam na nossa órbita pois qualquer uma destas pode ser um potencial empregador.
3. Construir um perfil social coerente em todas as redes sociais
São vários os casos de pessoas que foram desmascaradas, devassadas ou humilhadas pelo que partilhavam no FaceBook quando mantinham uma sóbria imagem de fato e gravata no LinkedIn. Pesem-se as diferenças entre a pessoa que somos em família ou entre amigos, de camisa com palmeiras e chinelo no dedo, devemos manter privadas as fotografias que não nos dignificam e reservados os comentários que podem ser polémicos. A liberdade a que temos direito não fica de forma alguma limitada mas apenas e só circunscrita a um universo particular.
4. Partilhar conteúdos de forma sistemática
Há quem crie conteúdos ou quem simplesmente copie links. Independentemente do mérito e da capacidade criativa, a web não é meramente um espaço lúdico e recreativo, mas sim uma fonte inesgotável e imensa de informação e de conhecimento que, sendo relevante para a nossa área, devemos assimilar e partilhar com os demais. Se há uns anos fazia sentido a expressão "diz-me com quem andas que eu dir-te-ei quem és", hoje em dia é absolutamente verdade a máxima "mostra-me o que partilhas que eu dir-te-ei o que sabes."
No LinkedIn existem 25 pessoas com o mesmo nome que eu mas o meu perfil aparece como primeiro na lista provavelmente porque sou activa na rede mas também porque ostento o símbolo 500+. Mesmo não sendo tão regular neste tipo de networking como gostaria admito que nenhum dos cliques que faço nesta rede é casual ou aleatório.
5. Criar uma rede relevante de contactos
Neste caso falo não só nos contactos virtuais que podemos coleccionar no LinkedIn, que provavelmente nem reconheceremos na rua se com eles nos cruzarmos, mas também de contactos reais, pessoas de carne e osso que se relacionam connosco numa base quotidiana e que poderão indicar referências positivas sobre a pessoa que somos. Para que isto aconteça é fundamental manter a personalidade profissional de forma contínua, mesmo nos momentos mais informais ou de lazer. A personagem que construímos com a marca que vendemos tem de se comunicar sempre da mesma maneira, à distância de uns passos, de um telefone ou de um écran de computador.
6. Separar a marca pessoal da marca profissional
Assim como a P&G gere o seu portfolio de marcas como um conjunto de entidades independentes e estanques, também nós devemos saber gerir as duas personagens que mantemos sob a mesma pele como duas pessoas autónomas. É claro que o ser humano que somos tem características omnipresentes que se revelam de forma inequívoca em qualquer contexto. Não devemos no entanto, ser tão rígidos ou formais na vida íntima, nem tão descontraídos ou extrovertidos na vida profissional, sob pena de algumas qualidades se revelarem ameaças perigosas ou alguns defeitos nos condenarem ao fracasso.

Gerir esta ambivalência é tarefa árdua, requerendo muita sensibilidade e empenho. Talvez por isso apesar de todos temos uma marca, para alguns o rótulo é apenas um autocolante em branco...



quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Tendências para 2015 - take III


Se até agora os meios de social media privilegiados pelas marcas têm sido o FaceBook e o Twitter, dizem os especialistas que 2015 será o ano do Pinterest.

O Pinterest registou um crescimento superior a 100% nos últimos 6 meses do ano de 2014.

Trata-se de uma plataforma simples e altamente visual, que comunica essencialmente pela sensibilidade estética. O Pinterest pode vir a ser amplamente utilizado pelos marketeers a partir do momento em que a ferramenta dos “pins sugeridos” seja desenvolvida para reproduzir a sugestão de páginas no FaceBook.

O FaceBook e o Twitter têm as vantagens da escala e da informação sobre o público-alvo. O Pinterest ainda tem de se aperfeiçoar para permitir uma segmentação consistente do tipo de utilizadores, mas alguns casos reais como o dos álbuns sobre casamentos – um sucesso na plataforma – têm-se revelado ferramentas excepcionais para perceber os temas e tendências que interessam às pessoas (neste caso às que se pretendem casar). Se a utilidade destes álbuns for replicada para outro tipo de momentos/ contextos e se for potenciada uma forma de comunicação das marcas com grupos de pessoas com interesses comuns claramente identificados, então o Pinterest pode ter um ano em grande.

O Pinterest pode ser muito útil para testar marcas/conceitos em grupos focus, já que permite seguir o comportamento de compra on-line de consumidores com determinado perfil.

Actualmente, a forma de abordagem dos interesses/aspirações dos utilizadores no Pinterest tem características de marketing one-to-one, o que não se coaduna com o potencial de escala e de exposição que as marcas procuram. Segundo os especialistas o upgrade do Pinterest para uma plataforma de marketing por excelência vai acontecer mais cedo do que mais tarde neste ano que hoje começa.


domingo, 23 de novembro de 2014

Tendências para 2015 - take I

Entre aquilo que já se vai escrevendo sobre o que vai ser tendência no ano que a passos largos se aproxima, eis uma síntese dos básicos:

1. Comunicação via social media cada vez mais eficaz
Os posts gratuitos com número de views relevante ascendem à categoria de mito urbano. Em plataformas como o FaceBook os posts mais vistos são pagos logo qualquer empresa/marca que se queira comunicar de forma eficaz tem de gerir com inteligência o algoritmo que potencia a popularidade dos conteúdos.
Sendo o dinheiro um recurso escasso, o que se espera desta racionalização do investimento em social media é que os conteúdos sejam cada vez mais pertinentes e interactivos com benefícios claros para quem se comunica mas também para os seus destinatários.

2) Vídeos curtos serão instrumento privilegiado de comunicação
Plataformas já tradicionais, como o FaceBook ou o Youtube, mas também outras opções mais recentes como o Vine serão canais privilegiados de comunicação. Os vídeos curtos, com mensagens simples em forma de história com enredo e personagens, assumem-se como uma porta de entrada fundamental para links que conduzem às páginas oficiais de empresas e de marcas.

3) Inbound online marketing
O marketing tradicional é um marketing outbound: anúncios + bases de dados = vários disparos para um mercado amplo com limitações óbvias à comunicação eficaz com um segmento-alvo.
Surgiu em 2006 o inbound marketing assente no desenvolvimento de conteúdos capazes de atrair os consumidores potenciais para determinado produto ou marca.
Simplificando: o outbound empurra, o inbound puxa.
O futuro do marketing é o desenvolvimento de conteúdos com capacidade de atracção suficiente para transformar estranhos em consumidores, mas acima de tudo em promotores do produto da empresa.

4) Novos formatos para conteúdos com qualidade
O conceito de qualidade está para os conteúdos como há uns anos se revelou obsessivo para os produtos. Chegamos rapidamente à fase em que a qualidade já não é vantagem competitiva mas sim um dado adquirido, logo a tónica já não está na prosa mas sim na forma como as palavras visualmente se apresentam aos nossos olhos.
A qualidade do conteúdo já não se mede pela arte aplicada à escrita, uma vez que outros formatos de comunicação, como a infografia, se revelam mais eficazes na comunicação de uma mensagem.

5) Marketing orientado para ecrans móveis
Longe vão os tempos em que a configuração/layout dos sites se perdia ou desvirtuava quando as janelas eram abertas em telemóvel ou tablet. Sabendo-se qua actualmente quase metade dos consumidores acedem a conteúdos em suportes móveis, toda a comunicação da empresa tem de ser formatada e ajustada a estas plataformas sob pena de se excluir automaticamente uma parte fundamental do mercado-alvo.

6) Bases de dados
Os estudos de mercado tal como os conhecemos são uma obsolescência.
Estratégias de inbound marketing só funcionam quando se percebem as características particulares de cada grupo de consumidores, preferências essas que, por um lado, dificilmente se revelam através de questionários, por outro, mudam mais rápido do que a velocidade com que se processam esses dados.
O ideal é que as páginas das empresas/marcas convidem os visitantes a partilharem informação relevante sobre o seu estilo de vida. Mas para que este acesso a informação relevante seja potenciado é necessário, em primeiro lugar, que as questões pertinentes sejam colocadas de forma inteligente; posteriormente, é fundamental que as respostas sejam tratadas com perspicácia, em tempo útil, para que os conteúdos sejam ajustados ao público que se revela mais propenso a interagir.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Vai um snapchat?


O Snapchat é uma das plataformas de comunicação mais utilizadas actualmente entre os jovens.
O seu criador, Evan Spiegel - um jovem com um ar mais despenteado que Mark Zuckerberg e que recusou uma compra de três mil milhões de dólares por parte do FaceBook -, confirmou que a publicidade vai ser permitida na plataforma mas na secção Our Story. Os utilizadores podem integrar o anúncio na sua narrativa ou então ignora-lo.
Dado que as redes sociais são a forma mais rápida e eficaz de comunicar com um publico-alvo a uma escala planetária, fazer da inexistência de publicidade uma das virtudes de uma plataforma como sucede no WhatsApp começa a ser indicador de falta de visão estratégica. O próprio Instagram já permite anúncios, introduzidos de forma tão natural como as fotos ou videos que partilham os nossos "amigos". O próprio Twitter, já considerado um sénior por estas andanças, está a testar uma fórmula de rentabilidade assente na integração com ferramentas de comércio electrónico, nomeadamente a possibilidade de fazer compras a partir das publicações.
A Dove - marca que entrou nos corações de quarentonas como eu quando começou a utilizar "mulheres reais" nos seus anúncios - aposta cada vez mais num segmento mais jovem, leia-se mais teenager, com um eticamente correcto apelo à auto-estima.
Dada a aposta na fidelização de consumidores desde a idade das "escolhas fundamentalistas", a marca elegeu o Snapchat como canal fundamental de comunicação.
Esta estratégia de recolha de depoimentos sobre a forma como as pessoas se sentem em relação a elas próprias, nomeadamente em relação ao seu corpo, tem sido o tom da comunicação da Dove.
Em anúncios tipo filme que facilmente se tornam virais - como o Dove legacy - a marca incita mulheres a falarem sobre as inquietações relacionadas com a beleza exterior, que basicamente as perseguem desde a escola primária.
A promoção deste tipo de introspecção é relativamente fácil junto de uma população adulta mas encontra sérios obstáculos junto da malta mais jovem, que se por um lado se expõe desbragadamente nas redes sociais em relação à sua vida privada, pode ser reservada ou até dissimulada quando o tema são sentimentos de alguma profundidade, principalmente quando revelam inseguranças ou fraquezas que os inferiorizam.
A utilização do Snapchat pela característica efémera das conversas, facilita a exposição dos medos e traumas relacionados com a auto-estima, sendo a interacção com a marca assegurada através dos conselhos e palavras positivas que os "embaixadores" da Dove vão publicar no decurso desta acção que se prolonga apenas por alguns dias (um fim-de-semana que começou hoje, para ser mais precisa).
Se o maior de todos os argumentos do marketing é a relação emocional com o consumidor, então a Dove está de certeza a consolidar uma posição diferenciadora dos seus concorrentes, ocupando um lugar de destaque na mente de um vasto mercado potencial e um lugar cativo no coração de muitas miúdas que daqui a uns anos vão eleger a marca de forma espontânea, para si e para a família.



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Os mestres da culinária...

Eu ainda sou do tempo da Filipa Vacondeus com o seu ar "supé-chique" a ensinar donas-de-casa de classe média a preparar pratos "supé-giros" a partir de restos de comida.
Ainda sou do tempo em que o Manuel Luís Goucha era um magricela discreto que também dava a sua perninha nas rubricas de culinária nos programas multi-usos da televisão pública.
Sou tão antiga que me recordo do Michel com a sua careca reluzente e pronúncia de emigra, do chefe Silva e de outros tantos cozinheiros, vulgares homens e mulheres de avental, que partilhavam receitas simples com ar banal nos raros momentos em que a comida era assunto.
Hoje, é impossível não fazer zaping entre dezenas de canais e chocar com dois ou três programas de culinária, apresentados por chefs que são uma espécie de pop stars ou sex symbols
Se há uns anos, quando a minha querida Mãezinha me quis começar a ensinar os básicos do arroz e dos refogados, recusei o desafio clamando que na minha casa toda a refeição se prepararia por passe de mágica entre o congelador e o micro-ondas, nos tempos que correm qualquer moça (ou moço) que se preze tem de ser capaz de preparar um menu degustação com dez pratos, combinando ingredientes inusitados com recurso a fórmulas de alquimia.
Ufa! É cansativo!
Vejo programas como o Master Chef da Austrália e fico abismada como enfermeiras ou marceneiros percebem tanto sobre reduções, espumas, acidulantes, brunoises, chiffonades e ratatouilles, cozinhando pratos absolutamente extraordinários sem o auxílio de uma Bimby!
A elevação das técnicas culinárias ao estatuto de artes decorativas, a transformação dos cozinheiros simplórios do nosso imaginário em chefs do tipo casual chic, coincide com uma época em que supostamente devíamos estar todos a reduzir o orçamento gasto em mercearia.
Na prática, os chefs que enchem tantas horas de televisão são apenas entertainers.
Assistimos aos programas para absorver ideias, para nos sentirmos inspirados, para nos abstrairmos do tédio que é ter de fazer o jantar sete dias por semana, até ao final das nossas vidas.
Claro que estamos a comer diferente. Apresentar um prato com bife a cavalo rodeado de batatas fritas está tão out como as botas texanas ou as calças com cintura acima do umbigo.
Qualquer cidadão socialmente ligado que se preze coloca sobre um prato de design arrojado uma porção moderada de bife ao lado de uma palete de rúcula e tomate cereja, fotografando tal instalação gráfica para oportuna publicação legendada nesse diário que é o Facebook.
Ainda hoje não consigo perceber porque os pratos com comida recebem invariavelmente mais likes do que uma música de sonoridade fácil ou um comentário oportuno sobre alguma actualidade partilhada nos feeds.
Quando Anthelme Brillant-Savarin (filósofo francês) dissertou, em pleno sec XIX, sobre a premissa "diz-me o que comes que eu digo-te quem és", jamais imaginou que quase 200 anos mais tarde uma parte significativa da humanidade andaria a revelar ao mundo a sua personalidade através de fotografias de comida.
Segundo os psicoterapeutas, no nosso subconsciente a comida é uma forma de amor.
Se assim é, provavelmente endeusamos esta forma de comer fantástica com a mesma intensidade romântica com que na nossa infância sonhávamos com contos de fada com final feliz...



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Marketing e um balde de água fria

O fenómeno tornou-se tão viral que ultimamente já me correm pelos feeds videos de ilustres anónimos - leia-se pessoas não famosas - a despejarem sobre si próprios baldes de água fria, verbalizando algumas baboseiras entre o sorriso nervoso e o grito histérico que ilustram tão inusitado momento.
Este fenómeno contagiante que nos leva a multiplicar os cliques pelo Youtube para descobrir que figura pública aceitou o desafio, mas acima de tudo que método extraordinário vai utilizar para que a tal banhada on the rocks seja um espectáculo, tem um propósito altruísta benemérito.
Entre tanta água gelada que se tem despejado por aí presumo que vai ficando esquecido que o motivo para tão disparatada iniciativa é um nome impronunciável para uma doença desconhecida, que ao nível da distribuição numérica corresponde aquilo que o marketing classifica como nicho de mercado.
Consta que esta corrente mediatica foi lançada por Mark Zuckerberg, que por sua vez desafiou Bill Gates, que por sua vez desafiou os nomes sonantes da TED, que por sua vez foram desafiando outras tantas pessoas que o mundo reconhece como importantes, da Jennifer Lopez à Oprah Winfrey, passando pelo Mourinho, pelo Cristiano Ronaldo e pelo Homer Simpson.
Na verdade, o mérito do Sr. Facebook foi apenas o de utilizar a plataforma que é afinal o seu quintal, para dar visibilidade à esclerose lateral amiotrófica (ou a si próprio, como promotor de tão nobre causa). O desafio do balde de água fria foi efectivamente lançado pelo atleta Pete Frates, um jogador de basebol suficientemente anónimo para manter esta brincadeira gelada como mais uma excentricidade do folclore norte-americano.
O desafio original era doar 100 dólares para a ALS Association ou tomar um banho de balde com uma água estupidamente gelada. Claro que os muito ricos fizeram ambas as coisas: a primeira porque podem, a segunda porque retiram da exposição mediatica os dividendos que lhes permitem ter dinheiro suficiente para financiarem de forma generosa muitas causas como esta e assim alimentarem a sua visibilidade, num circuito "pescadinha de rabo na boca" que tem tanto de inocência como de perversidade.
Existe mérito na intenção original e é evidente que existe alguma genuína boa-fé no coração daqueles que aderiram ao repto. Contudo, a viralidade do fenómeno transformou esta demonstração pública de filantropia num hard core fenómeno de marketing.
A base de disseminação destes videos é a velha história dos "favores em cadeia", das correntes que temos de passar a 7 amigos para não morrermos velhas e solteiras. Em relação aos mails, creio que poucas das missivas com apelo de partilha conseguem ser reencaminhadas para outro sítio que não a lixeira. Os posts do género que se publicam pelo Facebook raras vezes se propagam com uma intensidade tão notável como o Ebola.
A grande vantagem deste video é que não é lamechas (como facilmente poderia ser) nem comercial (como supostamente deveria ser). Parece uma inocente produção caseira, de seres humanos heróicos e altruístas, que se expõem ao ridículo para chamar a atenção para uma doença incurável.
Outros projectos igualmente notáveis ficam para a história do Youtube - como o Project for awesome -, mas a grande vantagem do desafio do balde é a mobilização de voluntários fixando um prazo que é curto (24 horas) para um desafio que é barato e fácil...
... ou quase fácil...



terça-feira, 15 de julho de 2014

Vírus emocional

Investigadores da Universidade de Cornell publicaram um estudo sobre o contágio de emoções através das redes sociais. No caso concreto, estes académicos serviram-se do FaceBook como tubo de ensaio, opção esta que, não obstante as polémicas levantadas sobre a legitimidade dos métodos, demonstrou com uma certeza matemática que
existe uma transferência de emoções entre os anónimos seres humanos que se cruzam nas redes sociais.
De uma forma muito simples a conclusão é esta: se somos expostos a feeds positivos, de pessoas que saúdam cada dia com um estridente "BOM DIA!", que partilham imagens de locais paradisíacos e produzem comentários que inevitavelmente nos fazem sorrir, temos maior propensão para ser igualmente esfuziantes e divertidos nas coisas que partilhamos. Se inversamente recebemos feeds de pessoas deprimidas ou que simplesmente estão a atravessar um mau momento, somatizamos idênticos sentimentos negativos reflectindo essa angústia no que escrevemos, nas músicas que selecionamos, nas fotos que partilhamos.
Creio que para a generalidade dos utilizadores de redes sociais este fenómeno viral é claro e perceptível.
Recordo que quando faleceu o Manuel Forjaz o FaceBook de Portugal se vestiu de negro.
Inversamente, quando Portugal foi selecionado para o Mundial, partilhamos um fervoroso sentimento de patriotismo, que meses mais tarde deu lugar a um clamor de revolta contra a falta de empenho e de eficácia dos jogadores que entretanto passaram a ser "nossos".
O que tem isto a ver com marketing?
Tudo.
Nos dias que correm fala-se de "branding emocional" como a ferramenta de comunicação que recorre às emoções, mais concretamente ao estímulo emocional, como plataforma para a construção e consolidação de uma marca.
O que se pretende é desencadear uma emoção junto do público-alvo e nada melhor do que as redes sociais para provocar reacções, para testar o seu impacto, para medir resultados, para induzir um efeito de contágio que potencialmente pode ser mais rápido e amplo do que o desencadeado por qualquer outra forma de contacto tradicional.
Estudos realizados na área do marketing (e que já por cá comentei...Os básicos das emoções) indicam que o sentimento de felicidade/alegria é um potenciador da partilha, o que explica a disseminação daqueles videos palermas que inevitavelmente nos fazem rir, ou pelo menos sorrir de forma condescendente.
Seria por isso óbvio que todas as marcas se procurassem associar ao humor como forma de se promoverem de forma instantânea.
Sucede porém que, sendo o medo um dos instintos básicos que nos leva a procurar nos outros apoio ou solidariedade, os videos que apelam a essa emoção, seja pelo terror puro, seja pela evocação de receios latentes - como o medo da solidão, do envelhecimento ou da pobreza... - são igualmente eficazes ao nível da propagação.
A opção pela emoção positiva ou pela emoção negativa tem mesmo a ver com o tipo de relação que a marca quer estabelecer com o público-alvo, sendo que nem todas as emoções negativas têm uma ressonância perigosa se a marca souber sobressair como o lenitivo que previne todos os males.




domingo, 25 de maio de 2014

Women power!

Sim, já sabemos que somos o máximo, que predominamos nas universidades, que sobressaímos pela inteligência emocional, que brilhamos pelo que intuímos e que somos excelentes em liderança.
Em regra somos consideradas óptimas colegas de equipa, normalmente mais profissionais e trabalhadoras.
Sabemos também que, por tendência ou por demagogia competitiva, fazemos mais do que os nossos pares masculinos, que somos mestres na arte de conciliar carreira com família, gráficos de barras com listas de supermercado, apresentações de duas horas com duas horas de ginásio, chefia de equipas com festas para crianças... tudo isto de sorriso nos lábios, rimmel e saltos altos!
O que infelizmente também sabemos - e são hipócritas ou muito sortidas as pessoas que testemunham o contrário -, é que todos estes predicados e atributos não são garantia de salário igual, de oportunidades idênticas ou de tratamento equitativo no trabalho, entre família, na sociedade em geral.
Será que o poder das mulheres pode de facto revelar-se através dos social media?
Estudos recentes de fontes muito credíveis (como Pew Research Center ou Burst Media) revelam que as mulheres estão em maioria como utilizadoras activas dos social media, interagindo muito mais com outros utilizadores e com as marcas, do que os passivos homens mais dados ao voyerismo do que à partilha ou ao comentário.
De acordo com os dados publicados em Finances online as mulheres dominam claramente no Pinterest, mas estão também em maioria no Facebook e no Tumblr., concedendo a primazia aos homens apenas no LinkedIn.
Se as mulheres interagem mais então tendem a ser mais influenciadoras, logo podem ser o veículo por excelência para a prescrição de um produto/marca. Acresce ainda que se a variável mais determinante em social media é o conteúdo e que, por sua vez, se a qualidade do conteúdo depende da resposta emocional que a mensagem provoca, então os esforços para desenvolver uma comunicação consistente e atractiva terão muito maior potencial de repercussão junto da audiência feminina.
O inverso porém também se verifica, dado que a impulsividade e a frontalidade que caracterizam as mulheres podem derrotar em poucos cliques a credibilidade de uma marca.
Na prática, as marcas há muito que sabiam que as mulheres eram responsáveis por 80% das decisões de compra em contexto familiar. O que estes estudos acrescentam é que pelo simples facto de as mulheres seguirem continuamente as marcas de que gostam - as que compram ou as que aspiram comprar - os social media são o veículo por excelência para comunicar eficazmente com o público-alvo.
Com os social media as mulheres passam pois de uma maioria silenciosa cujo poder se reconhece institucionalmente através de discursos políticamente correctos ou de paternalistas critérios de quotas, para uma maioria estridente de decisoras, inovadoras e trend-setters.
Aleluia, irmãs!

terça-feira, 13 de maio de 2014

A www tem 25 anos!


Em Março o World Wide Web que mudou as nossas vidas celebrou 25 anos.
Aos 25 anos não se é propriamente velho mas também já se ultrapassou a idade da juventude imberbe. Assim sendo, os social media já não são new media logo nada justifica que as empresas não estejam todas a investir na maximização do potencial da comunicação digital.
Sucede porém que o universo digital é ainda subvalorizado na estratégia de marketing das organizações, apesar do reconhecimento generalizado das suas vantagens ao nível da interactividade e da capacidade para difundir conteúdo relevante.
Um estudo da Razorfish - agência especializada em marketing digital - concluiu que 76% dos marketeers não utilizam estatísticas comportamentais para identificar os segmentos-alvo, recorrendo ainda hoje aos métodos e processos que eram standard no século passado (leia-se décadas de oitenta/noventa).
Do mesmo modo, ainda são poucas as empresas que investem de forma séria e consistente em content marketing, aquele que é eficaz quando encontra a relação de equilíbrio entre aquilo que a empresa quer comunicar e aquilo que o cliente quer ouvir e está disposto a partilhar. Como já por aqui referi os consumidores são sensíveis a histórias e a emoções, conclusões que estão cientificamente estudadas e estatisticamente demonstradas. Não é necessário ser um guru do marketing para interpretar estes dados!
As empresas continuam porém a apostar em sites e páginas no Facebook que em menos de um ano não são mais do que estáticos álbuns de família, com fotografias amadoras e legendas vazias de significado, instrumentos que só servem para o rodapé dos cartões de visita sem qualquer retorno visível ou resultado prático.
Para muitos o Youtube ainda é o sítio onde se vêem vídeos de música quando na verdade esta plataforma é hoje uma poderosa ferramenta de marketing B2B.
O Youtube não serve apenas para diversão tão pouco para a propagação viral de anúncios publicitários. Fico chocada quando percebo que em muitas empresas páginas deste tipo estão barradas no pressuposto de que estes conteúdos servem para ócio mas não para negócio.
O fenómeno que podemos designar de video marketing transformou o Youtube numa ferramenta empresarial tão credível e consensual como um site institucional.
Veja-se o exemplo fabuloso da forma como se comunica a Intel, recorrendo ao poder altamente rentável das histórias e das emoções:


Em suma, tendo World Wide Web  25 anos não há desculpa alguma que justifique que as empresas se mantenham agarradas a velhos hábitos e antiquados costumes, numa ruinosa atitude de apatia e de alheamento.
A comunicação personalizada, rica em conteúdo, responsiva e dinâmica é uma possibilidade com um excelente rácico custo-benefício, 
tão acessível e tão poderosa que qualquer organização que queira 
estar em linha com o on-line tem o dever cívico de utilizar.

sábado, 15 de março de 2014

TEDxOPorto - Don't be stupid!

These posts about TEDxOPorto will be written in English 
so I can share with the world the ideas worth spreading.


The image I chose to illustrate this post is an example of an odd phenomenon that spread like virus amongst Facebook users: the “quotephobia”.
Almost everyone posts quotes on Facebook! 
Some are light and humorous, others intend to be deep and thoughtful, others are clear directed messages or menaces to someone.
I am a victim of this phobia. 
I also post inspiring messages and reflective quotes with some expectation that the criteria I use to chose these notes will disclose features of my intelligence and intellectuality to an anonymous audience.

This is bullshit!

José Soares, one of the brightest speakers that attended TEDxOPorto, demonstrated how 
this "positive thinking mania", this exhilaration made out of pictures and axioms, levels us all as basic human beings capable of absorbing simple clichés and sound bytes.
Social media has made it possible for us to have access to limitless information. This is of course extraordinary as it stimulates our knowledge. However you cannot absorb nor comprehend all the information you read. On one hand because you don’t have enough time, on the other hand because you do not have the elementary background that ables you to understand some contents.
As a consequence we tend to become generalist posters of a random variety of subjects we are not proficient about, believing that the simple comprehension of a catchphrase is enough to apprehend the entire encyclopedia.
This exaggerated belief in ourselves, in our knowledge, in our capacity to do things and achieve results is creating a generation of pretentious leaders. We trust the attraction law and the power of positive thinking so we are certain that anything is possible and that there are no limits for our capacities.
As José Soares brightly puts this mindset: soft skills are becoming soft killers.
Soft skills don’t make you an expert in anything. 
Soft skills do not guarantee you´ll become grand and great. 
The fact is that a leader comes out of knowledge, luck and courage. There are countless limitations to our ability to grow professionally: some are a consequence of the lack opportunities or wrong timing, others are a consequence of each person's biological limitations. 
We are not all bright and brilliant!
Intelligence is not a sine qua non condition to evolve socially and professionally but neither will positive thinking lead you through life if you don't work hard.
"Things don't just happen: you make them happen!" (this could be a post)
You can't always be a bright idiot but please don't be stupid!

domingo, 9 de março de 2014

TEDxOPorto - You've got mail

These posts about TEDxOPorto will be written in English 
so I can share with the world the ideas worth spreading.

One of the marvelous things about TED talks is the broadening of horizons.
Some talks are high-tech, scientific, state of the art and amaze you because they reveal that the futuristic scenarios investigators, geeks and visionaries dream about are actually a possibility about to happen. Other talks however just wonder about the simple things in life.
These so called inspirational talks don’t debate global issues, disclose major trends, nor reveal surprising studies or astonishing discoveries. They just talk about people and proof with unquestionable doubt that it is not necessary to be a rocket scientist, a biochemist, a neuroscientist or an IT guru to have a small, non-methodological, non-mathematical, non-paper peer review idea that can make a difference and induce a positive change in the world.

One of the speakers at TEDxOPorto was Ana Campos, a young woman that like so many others likes to travel and to meet people. 
In an era of social networking with people texting and mailing each other all the time, Ana is still a fan of a traditional mean of sending messages: postcards.
As she was talking about the joy one feels when going to the mailbox (not the virtual one) and finding something more than bills and advertising the audience was listening with that condescending attitude of “ok, it’s nice but that was decades ago”.
Ana created a platform - POST CROSSING - that gathers postcard fans like her. She told us how surprised she was when she discovered so many people had this need of writing with a pen on the back of card. She made us belief that this kind of contact can be so intimate and truthful that people have developed friendships and even fallen in love just by exchanging handwritten words.
Ana shared impressive figures about a half a million people community that has shared 22 million postcards so far. The idea is simple: you write a postcard to someone and you receive one back.
You look at this idea as something kind of cute but then you imagine that it is far more simple to connect with people around the world through Facebook and getting to know them from a profile quick view.
But as Ana was finishing her presentation she asked us to look beneath our seat and find the postcard that was there for us. What happened then was miraculous! People were really delighted with the postcards they found! This childish reaction from the audience, eager for reading the postcards and sharing them with the person on the next seat, is an example of how basic our emotions truly are.

Simple things trigger happiness feelings; simple things change your life.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

... e se o FaceBook acabar?

Um estudo recente da Universidade de Princeton afirma que o Facebook vai perder 80% dos utilizadores até 2017. 
Não sei se acredito. 
Alguém concebe o mundo sem este universo paralelo de feeds?
Já há uns anos se começou a especular que muitos adolescentes estavam a sair do FaceBook para escapar ao controle parental. Este facto parece-me lógico. De facto é estranho ver no mural dos putos os seus pais e os amigos dos pais a comentarem publicações daquele que ainda vêem como criança, deixando piadinhas e graçolas que invariavelmente evocam o tempo das papas e das fraldas. Compreende-se que um adolescente com borbulhas não queira ser tratado pelo diminutivo nem recordado da cor, extensão e cheiro dos seus cocós ou das birras que fazia quando lhe escondiam a chucha.
De igual forma, evito "amigar" com os filhos dos meus amigos, que me vão conhecendo como uma adulta porreira que até vai a festivais, porque não quero que descubram que afinal tenho momentos em que sou tão pindérica que até partilho covers em bossa nova melancólica e mensagens descartáveis do Dalai Lama.
Creio que o FaceBook veio substituir na vida de muitas pessoas aquilo que era a ida ao café ou a um bar. No meu caso, que estou migrada na minha pátria e tenho alguns amigos emigrados, o FaceBook permite que vamos mantendo o contacto, sabendo em tempo real que a amiga que está no Kuwait foi jantar sushi, que o amigo que vive no Porto acabou de correr 6 kms em 38 minutos, que a amiga do Canada teve um bebé com três quilos e meio, e que a que vive no Rio está com um bronze que não se aguenta! 
O facto de nos mantermos unidos através da rede faz mais pela nossa amizade do que a vida real alguma vez permitiria. No mundo do lado de cá as amizades que fazemos enquanto crescemos, casamos e nos divorciamos, por mais fortes que sejam numa etapa, tendem a dissipar-se por razões várias. Algumas perdem-se por desentendimentos que nenhuma das partes consegue já contextualizar outras meramente por preguiça e pela inércia que empurra o "tal cafézinho" e "aquele jantar" para um futuro que não consta da agenda.
FaceBook fez-me reencontrar amizades perdidas, reconciliar com primos, descobrir afinidades e fortalecer laços com mais pessoas do que as que cabem na minha sala. Tive alguns dissabores e desilusões mas não tão graves que me façam questionar a ética desta rede social ou desenvolver teorias da conspiração. Em retrospectiva, desde que aderi ao FaceBook tive mais surpresas boas, nomeadamente o perceber que a minha existência faz sentido na vida de muitas pessoas e que alguns amigos que a virtualidade tornou íntimos são seres humanos maravilhosos.
Com o FaceBook conhecemos melhor quem gravita na nossa órbita. Não falo da persona fantasiada que alguns constroem como alter-ego, mas da pessoa real que se revela no que escreve, no que ouve e no que partilha.
Os adolescentes que preferem hoje Twittar porque não se querem cruzar com cotas, mais cedo ou mais tarde vão voltar a este imenso bar onde tantos adultos páram para tomar um copo.
A minha Mãe que tem mais de setenta anos tem conta no FaceBook
Imagino que os amigos que agora tenho vão envelhecer aos meus olhos em fotos do Instragam. Daqui a muitos anos vamos partilhar fotos de netos e de placas dentárias, fazendo humor sobre próteses e medicamentos, próstatas e algálias.
Por mais tétrico que pareça o cenário, que assim seja! ... que é sinal que ainda por cá andamos...



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Os 4 P's da felicidade

Todas as pessoas que estudaram marketing ouviram falar dos 4 P's.
Como os americanos adoram converter o universo em siglas e cifras, em fórmulas fáceis de perceber e de assimilar, eis que um rapaz que escreve para a Wired e que tem um site cuja visita recomendo (Barking up the wrong treesintetizou os milhares de estudos sobre felicidade que se fazem pelo mundo em 4 P's.
Na prática, os p's acabam por não ser apenas 4 e a sua base de trabalho foi um livro que fala em 100 segredos das pessoas felizes (podem comprar o livro na AMAZON).
Mesmo assim, como também sou fã destas receitas e mezinhas, eis os 4 P's que resumem o nosso bem-estar:
(nota: este post não é uma tradução do texto original mas sim uma interpretação criativa do mesmo)

Purpose -> PROPÓSITO
O nosso propósito será um desígnio maior do que apenas crescer, estudar, trabalhar, casar, constituir família e dívidas, pagar hipotecas e descansar em paz.
O que dizem os estudos é que mesmo que não sejamos fervorosos adeptos de Deus ou de um Pai de Santo devemos procurar uma forma de encher de significado os nossos dias, perseguindo um objectivo que fique para lá da nossa realização, uma estrada mais larga do que o caminho que fazemos caminhando.
Há pessoas, como o Cristiano Ronaldo, que nasceram predestinadas a grandes feitos e a vitórias gloriosas. Presumo que o puto nem sempre tenha tido a noção desse propósito, mas em momentos como o do decisivo jogo de Portugal na fase de apuramento o CR7 revelou que tem a noção de que o "eu estou aqui!" com que apaziguou a ansiedade nacional teve o impacto de um milagre, uma benção para uma fé capaz de competir em intensidade com a de uma concentração em Fátima num 13 de Maio soalheiro (com todo o respeito de católica não praticante que este local me inspira).

Perspective -> PERSPECTIVA
O melhor exemplo de perspectiva é a história do copo meio-cheio ou meio-vazio, a forma como um optimista ou um pessimista percebem a mesma realidade.
Voltando mais uma vez ao exemplo do futebol - não porque goste mas porque hoje é inevitável escapar ao tema -, existia uma maioria mais ou menos silenciosa que pouco acreditava no apuramento da selecção nacional, e que até aguardava com alguma impaciência pela derradeira derrota para se dedicar com entusiasmo ao desporto com mais adeptos em Portugal: a crítica destrutiva.
É possível uma pessoa sentir-se feliz com pouquíssimos bens materiais numa humilde casinha numa ilha sem praia. Mas havendo a possibilidade de subir de patamar, de comprar umas roupas de marca sem ser aos ciganos, de ampliar a casa sem recorrer a marquises, poucos resistirão à tentação de esbanjar como se não houvesse amanhã. Que o digam o humilde Cristiano Ronaldo e todo o clã Aveiro!
O conceito de dinheiro como fortuna tem uma elasticidade enorme. De igual modo o conceito de felicidade não tem peso nem medida.
O mais correcto é associar-se a felicidade à gestão de expectativas, sendo certo que quanto mais ambiciosos são os nossos sonhos mais defraudados nos sentimos com o que a realidade nos devolve. Aqui não falo de sonhar com euros e receber em dólares mas sim de querer ganhar o jackpot a jogar ao monopólio.

People -> PESSOAS
De acordo com um estudo, obtemos 70% da nossa felicidade a partir das nossas relações com os outros.
A família e a profundidade dos laços que nos unem aos do nosso sangue, os amigos, em quantidade e na qualidade dos sentimentos que por eles nutrimos, todas as formas de contacto e de afecto que desenvolvemos em sociedade são fundamentais para nos encher o coração e consolar nos maus momentos.
Nesse aspecto os social media, independentemente de nos poderem afastar de "pessoas reais" e de promoverem um comportamento narcisista, fomentam e fortalecem as relações entre seres humanos, aproximando pessoas com gostos similares, facilitando a expressão de emoções e a partilha.
Graças ao Facebook reencontrei amigos de infância e desenvolvi laços com colegas de trabalho mais longos do que a ensonada troca de palavras junto à máquina do café alguma vez permitiria. Descobri também que existem pessoas insuportáveis que utilizam as redes sociais como uma espécie de saco de porrada ou como um mundo em desenho animado que atulham com pirosadas kitsch.
Nós que vivemos em ambientes controlados, que com relativa facilidade aceitamos amizades ou as eliminamos com um clique, conseguimos manipular o micro-cosmos que nos envolve garantindo alguma estabilidade na nossa existência. É claro que há pessoas más, que deliberadamente nos prejudicam e ofendem. É evidente que nem sempre as conseguimos escorraçar ou evitar na nossa trajectória, mas se acreditarmos nessa justiça divina que garante a ordem universal, assegurando que cada um recebe em dobro aquilo que oferece, então só teremos de ter o espírito optimista para aguentar o copo meio vazio até que a outra metade encha.

Play -> BRINCADEIRA
Costumo dizer que as pessoas inteligentes têm sentido de humor.
Rio-me muito. Nao é coisa que provoque (creio que fingir o riso é uma impossibilidade) mas algo que me acontece, muitas vezes de forma inusitada, principalmente em circunstâncias em que os nervos ou a cerimónia sugeriam uma pose sóbria.
Fui uma criança feliz e estridente. Sou uma adulta alegre e brincalhona.
Há pessoas que puxam de um cigarro para encher o tempo. Eu uso do humor para que o tempo não conte... e para quebrar o gelo.
É um refúgio tão legítimo como o dos tímidos que se camuflam com uma postura extrovertida (a timidez disfarçada também é uma das minhas características...).
Assumo que tenho alguma dificuldade em entender e em relacionar-me com pessoas cujo semblante é por definição sério, aquelas que demonstram uma dificuldade extrema em fazer o movimento de inflexão dos lábios que nos ilumina o rosto com um sorriso.
Nem sempre conseguimos contar uma anedota no tom que lhe dá a graça ou retribuir com simpatia  os esforços humorísticos de outra pessoa, mas será sempre mais fácil encarar a realidade quando somos um bocadinho palhaços, quando verbalizamos um disparate que desconcerta os outros, quando "soltamos a franga" e descontraímos.
Acresce ainda, que um sorriso é a nossa melhor maquiagem, alegadamente a melhor curva do corpo de uma mulher, se conseguirem não nos olhar para o rabo...