terça-feira, 22 de abril de 2014

Geração Yummy

Confesso que adoro siglas, que sou fã desta forma norte-americana de catalogar seres humanos, de os encaixar em segmentos estereotipados, mesmo estando consciente dos riscos e falácias deste tipo de generalizações.
Um dos grupos que identifica a malta nascida na década de 80 é a geração Y, também conhecida por millenials.
Estes putos tiveram a sorte de nascer numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade económica, filhos de papás workaholics, com rendimento acima da média, inebriados pelo crédito fácil e pelas imensas possibilidade dos cartões de plástico. Estes são os miúdos das actividades extra-curriculares, das Nintendos e das Playstations, do canal Panda, das botas Timberland e pólos GAP, dos i-pods, i-phones e i-pads, dos colégios particulares, das festas privadas, dos vestidos curtos, dos mocassins e dos blazers.
Esta malta das selfies, cujos pais potenciaram a vaidade através da obsessão por marcas e etiquetas, são os recém-licenciados difíceis que não se enquadram no mercado de trabalho, essencialmente porque a oferta é escassa, mas também porque desenvolveram um conceito glamoroso da vida que não tem correspondência no mundo real.
Segundo a Bloomberg BusinessWeek este grupo de miúdos mimados tem potencial para se transformar num lucrativo segmento de mercado. A HSBC inventou já uma categoria para os Young Urban Males - os Yummies -,
um grupo de consumidores acostumado desde sempre a marcas de gama média-alta, cuja ambição material não será uma casa, nem sequer um carro, mas antes fatos Boss, stilettos Louboutin,  acessórios e trapinhos da Gucci e da Prada.
Conheço alguns espécimens desta geração que conseguiram evoluir da Massumi Dutti para a Fashion Clinic com o financiamento dos pais, que aguentam os descendentes em casa mais anos do que é desejável ou suposto. Mas a verdade é que muitos dos pais pseudo-milionários que criaram os filhos como burgueses abastados numa época que foi de abundança e de prosperidade para todos, passam hoje por algumas dificuldades, nalguns casos dramáticas, sendo por isso obrigados a um downshifting geral que não é compatível com esta apetência para o luxo.
Vivemos numa sociedade com forte propensão para a bipolaridade, com consumidores de promoções, talões de desconto e saldos, a financiarem a sua luxúria e futilidade nos outlets, stock-off markets e hard discount shops virtuais, mesmo que a manutenção do aparato social signifique a multiplicação dos créditos, das hipotecas e das dívidas.
Apesar da troika e dos cortes radicais, existe de facto um amplo grupo de consumidores que continuam a não resistir às tentações do marketing que, convenhamos, tornam a vida muito mais bonita...



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