Esta categoria é inventada por mim (creio ser uma originalidade...).
Incluo na geração Yammi este bando de gente que subitamente se apaixonou pela cozinha, pelos ingredientes gourmet, pelas artes culinárias e pela estética do empratamento.
Não sei se o fenómeno começou pela Bimby ou se pelos programas MasterChef. O que tenho como certo é que existe um incomparável número de "chefs de fim-de-semana", que fervorosamente pesquisam e partilham receitas na net, a maior parte deles rendidos à magia dos robots que revolucionaram os hábitos alimentares de muitas famílias.
Confesso que sou forreta. Por outras palavras: sou selectivamente forreta.
Para algumas coisas sou indiferente ao preço (dentro dos limites do cartão de crédito!), para outras faço uma análise custo-benefício rigorosa que normalmente passa por "destrocar" o valor do investimento num determinado bem por um pacote de férias ou por uma tarde de compras no El Corte Inglês.
Perante tal análise comparativa resisti à tentação de comprar uma Bimby. Em primeiro lugar porque privilegiei as escapadinhas em pousadas de Portugal e as 7 noites em regime tudo incluído; em segundo lugar porque andando eu em dieta permanente supus que abrir as portas de casa a uma panela demoníaca na arte de fazer doces me poderia complicar o regime alimentar dos legumes e leguminosas, já de si bem difícil. Quando surgiu a Yammi porém, não resisti!
Durante os primeiros tempos fui do tipo de fada do lar que fez pão, bolos, entradas, sopas e pratos com o seu quê de sofisticados, fotografando e divulgando no Instagram imagens de comida com aspecto sensacional sem necessidade de retoque.
Hoje utilizo a Yammi de forma mais moderada mas, como a maior parte das pessoas que conheço, sou mais criativa nas refeições que preparo, sendo mais ousada nas alquimias com especiarias e muito mais sofisticada nas técnicas de confecção e de apresentação das comidas.
Lembro-me que quando tinha vinte anos afirmava que não sabia cozinhar quase como se fosse um grito de rebeldia. Contestava eu que não me revia na posição de dona-de-casa, condenada à rotina diária dos jantares e ao frete descomunal dos almoços de família.
Aos trinta já exibia com orgulho os meus dotes culinários apesar de me parecer paradoxal este interesse pelas receitas em detrimento dos pratos congelados e das refeições rápidas quando o meu maior propósito era uma carreira profissional como executiva.
Chegada aos quarenta assumo a paixão pela comida. Ponto final.
Adoro comer e cozinhar, leio imenso sobre alimentação e experimento sem preconceitos ingredientes, sementes e outras mixórdias impensáveis na senda de uma dieta saudável mas saborosa e colorida.
O que me pasma na geração que antecede a minha é idêntica paixão gastronómica, a paciência para fazer compras nos mercados locais, a entrega ao acto de cozinhar como tarefa de casal, daquelas que alimentam a paixão, se fundem com a intimidade, e no fundo se revelam tão importantes quanto o sexo e as carícias.
Não tenho dúvidas em afirmar que existe uma geração Yammi, de jovens maduros e de maduros enxutos, que vê na comida um prazer para além das chafurdices à "Nove semanas e meia", que se apaixona e se envolve entre tachos e robots mágicos, enquanto degusta com calma um generoso vinho tinto.
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