sexta-feira, 28 de março de 2014

A felicidade em 4P's - mais uma receita

Se tudo na vida fosse tão fácil quanto aplicar acrónimos milagrosos às nossas dúvidas existenciais, o mundo estaria repleto de enfadonhas pessoas felizes, monocromáticas nos humores e frouxas em originalidade.
É claro que todos gostávamos que a vida fosse mais fácil, que a viagem fosse mais estável, mas a verdade é que alguns bons momentos nascem dos nossos erros e que muitos maus momentos revelam as verdadeiras amizades.
Demagogia à parte, entre tantas teorias para a felicidade instantânea existe uma que até me parece viável e que por um acaso que não será certamente coincidência assenta em 4 P’s:
PAIXÃO

Como o ser humano aprende à força de tijolos, isto é, vai aprendendo à medida que bate com a cabeça na parede, nada melhor do que a certeza da morte para nos recordar que devemos estar permanentemente apaixonados pela vida.
Presumo que o pior que nos poderá acontecer um dia é a sensação de que a nossa existência terminou e de que não fomos suficientemente bons e honestos, que não estivemos sempre presentes junto dos nossos, que afinal ficamos aquém das expectativas enquanto filhos, pais, amigos, mulheres/maridos...
Provavelmente não será necessário estarmos moribundos para chegarmos a algumas conclusões básicas:

- Passamos o nosso tempo a tentar cumprir as expectativas dos outros e não a fazer o que queremos.
- Dedicamos demasiadas horas úteis ao trabalho.
- Não exteriorizamos sentimentos.
- Perdemos o contacto com os amigos e desvalorizamos a amizade.
- Perdemos muitas oportunidades para sermos felizes.

Para viver ao máximo cada dia não são necessárias grandes aventuras, desportos radicais ou descargas de adrenalina. Basta apenas ter a capacidade para reconhecer a dádiva que é estarmos vivos.
A regra n.º 1 é sermos apaixonados pela vida que temos... Afinal, só temos esta!

PROPÓSITO
Na vida passamos tantas horas a trabalhar como a dormir e nem sempre nos sentimos motivados com que o fazemos. Pode acontecer que não encontremos na carreira profissional o tal propósito que nos eleva, mas isso não nos pode remeter para uma vida estereotipada sem sentido.
Eu encontrei um propósito em muitas actividades paralelas como este blog mas tenho como certo que é possível encontrar sentido em muitas outras coisas, desde que estejamos dispostos a procurá-las.
Infelizmente precisamos tanto de dinheiro como de felicidade pelo que encontrar o equilíbrio certo entre o que nos paga as contas e o que nos dá prazer nem sempre é fácil. Provavelmente o mindset que nos deve guiar é fazer da felicidade um modelo de negócio, algo que devemos incorporar na nossa rotina.

A regra n.º 2, será pois encontrar uma ocupação full-time/part-time que nos dê pica.

PESSOAS
(não concordo que o preto seja uma cor triste, daí a escolha do negro para destacar o tópico)
Vivemos rodeados de pessoas: amigos, família, colegas, clientes, superiores, subordinados, anónimos... Apesar de nem sempre podermos escolher quem gravita na nossa órbita podemos pelo menos seleccionar os que queremos mais próximos, de preferência as pessoas com bom astral, aqueles que nos podem servir como modelo ou exemplo, os que nos fazem sentir bem, os que nos animam e confortam.

A importância das pessoas no nosso bem-estar deriva de uma evidência bem simples: a felicidade é um activo que quanto mais se dá mais se multiplica.
A regra n.º3 preconiza a procura da felicidade através dos outros, no pressuposto de que seremos tão mais felizes quanto mais pessoas felizes tivermos à nossa volta.


PROJECTOS
O nosso maior projecto tem de ser apenas este: "ser feliz!". Todos os outros dependem da conjugação de factores casuísticos que raramente controlamos. Não podemos condicionar a felicidade ao tamanho de uma casa, aos dígitos de um salário, à extensão de fringe benefits, aos destinos de férias, às marcas que usamos... Todas estas coisas podem trazer bem-estar e é claro que o bem-estar nos faz felizes, mas estes factores materiais, que tão facilmente se evaporam ou deteoram, não podem ser os KPI's que determinam a forma como encaramos a vida ou como nos sentimos na nossa pele. 
A vida não se resume a coisas mas sim a momentos pelo que, segundo a regra n.º 4 é fundamental definir marcos geodésicos para a nossa existência, os acontecimentos que vão marcar definitivamente o nosso percurso e influenciar de forma determinante a pessoa que somos e a distância que alcançamos. Se para cada marco tivermos um projecto, sendo certo que podemos abraçar vários projectos em simultaneo, a vitória está em cumprir cada etapa, aceitando com humildade que o destino não se desenrola em progressão geométrica. Desta forma seremos imensamente felizes em determinados momentos e, se formos inteligentes, teremos a capacidade para prolongar esse estado pela lembrança do que sentimos quando fechamos mais um capítulo da nossa história.


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