O nosso estado civil é um rótulo. Identifica-nos, cadastra-nos, remete-nos para um segmento, para uma categoria. Independentemente dos clichés e dos preconceitos a verdade é que o estado civil, a par da existência ou não de filhos, influencia os nossos hábitos, altera as nossas prioridades, define modos de vida.
Para os homens chegar a solteiro numa idade como a minha - QUARENTA! - pode ser sinal de homossexualidade. Noutros tempos, homens sozinhos eram vistos como garanhões mas assim se mudam os tempos...
Para as mulheres chegar a solteira nesta faixa etária é indicador de mau feitio, presunção de amores mal resolvidos que se manifesta nalgum azedume frustrado. Claro está que muitas mulheres se mantêm solteiras por convicção, por opção própria. Contudo, para quase todas as que conheço, houve uma qualquer etapa no seu percurso em que conhecerem o suposto príncipe encantado, equacionaram a hipótese de ter filhos, sonharam com o vestido de noiva, imaginaram-se numa casa com jardim, com cão, com um mono-volume à porta, com crianças lindas à anúncio da Ralph Lauren.
Eu, como filha única viciada em solidão, convivo muito bem comigo própria.
Mas, como filha única, quando penso num futuro onde me faltem os meus pais, imagino uma existência sombria em que o silêncio será um castigo mais do que uma benção.
O meu ideal de vida é ter um melhor amigo para sempre, o homem que me provoque arrepios e sorrisos, me envolva com um abraço feito à medida, me apoie e me eleve, caminhe ao meu lado com a sua mão segurando a minha mesmo quando os nossos passeios sejam deambular pelos corredores de um lar.
Para algumas das amigas sem par que conheço encontrei um artigo de uma PhD especialista em Amor e Sexo, Laura Berman, que enuncia as dez principais razões que justificam a sua condição. Aqui fica a síntese para reflexão:
1. Fazer-se difícil
O conceito de "difícil" é relativo já que a rapidez ou a forma com que uma mulher se envolve com um homem resume-se a uma gestão de tempos e de expectativas.
Na minha perspectiva, ser difícil passa mais por ficar agarrada a hábitos e rotinas sem grande flexibilidade para programas alternativos mesmo os que não envolvem a presença de um homem. É na rua que se conhecem pessoas pelo que permanecer hibernada reduz para zero todas as probabilidades.
2. Ter um tipo
Todos temos um tipo, um género de pessoa, um ideal de beleza e de sex appeal. Trata-se de um filtro humano que condiciona as nossas escolhas em tudo na vida desde a escolha de uma peça de fruta aos complexos mecanismos da atracção. Parece-me lógico que uma mulher não se interesse por homens baixos, gordos, carecas, é justificável que rejeite alguém pela forma como está vestido ou sinta repugnância ao ver pêlos a sair das orelhas ou pressentir odores corporais estranhos. Contudo, continuar à espera de um príncipe atlético, bonito e charmoso avaliado por checklist vai resultar invariavelmente numa elevada taxa de rejeição.
3. Não pedir ajuda
Quando estamos sem namorado ou marido é natural que as amigas nos queiram emparelhar com alguém. Quanto mais não seja porque a gestão de um jantar ou dos quartos num fim-de-semana se torna mais fácil se todos estiverem aos pares. Depois de algumas tentativas frustradas os outros perdem a esperança. Por seu lado, a amiga sozinha até agradece que cessem as tentativas de acasalamento. O que acontece é que as hipóteses de se conhecer alguém são tão limitadas que é preferível que esta aproximação ocorra num ambiente controlado, entre pessoas que conhecem as partes e estão lá para apoio e incentivo, para o bem e para o mal, em vez de confiar que o destino nos vai fazer tropeçar no homem do resto da nossa vida numa fila de supermercado.
4. Estar agarrada a rotinas
Eu, nos meus momentos de solteira, remeto-me para uma rotina de trabalho-ginásio, com saídas esporádicas com as amigas numa opção deliberada de evitar programas com casais. A experiência própria e alheia já me provou de forma consistente que só conhecemos pessoas quando saímos da nossa zona de conforto.
5. Estar agarrada ao passado
Esta é forte. Muitas mulheres que conheço continuam a carpir as dores da última separação. Estão de luto e ainda em sofrimento mas para o mundo são umas ressabiadas. Todos temos passado e histórias mal resolvidas, no amor e na vida profissional. Sabemos também pela experiência que só avançamos etapas nesta caminhada que é a vida quando encaramos esses episódios como apenas mais um dos workshops de aprendizagem que faz parte da nossa formação.
6. Não dedicar tempo à procura do amor
Por mais pindérica que pareça a afirmação a verdade é que a partir de certo momento as pessoas desistem de encontrar uma cara-metade. Resignam-se ao facto de que ficarão sozinhas até ao fim da vida e declaram que todos os homens que valem a pena estão casados, são maricas ou são uns filhos da mãe. Apesar de ser céptica em relação a estas tretas tenho de voltar a referir a "lei da atracção" que prescreve que temos de desejar muito uma coisa para que ela de facto se torne realidade.
7. Desistir facilmente
A química que se gera entre duas pessoas é um fenómeno estranho e inexplicável. O ideal romântico é conhecermos alguém que nos faz tremer as pernas logo ao primeiro olhar. Quando tal não acontece - até porque convenhamos a idade e a experiência refreiam bastante os ímpetos inconscientes da paixão - não há qualquer razão para não dar tempo ao tempo na expectativa de o "homem simpático" que conhecemos e não fez faísca se revele como candidato com potencial.
8. Não gostar de "encontros"
Esta entendo bem. É um pouco cansativo conhecermos alguém de novo e de repente termos de lhe fazer um briefing de quem somos, valorizando os nossos pontos fortes, contando o que nos aconteceu de relevante na vida e que explica a pessoa em que nos tornamos sem entrar em detalhes que revelam as nossas fragilidades. Sei de pessoas que têm um guião de "conversa de primeiro encontro", o que é um método interessante mas que se pode tornar aborrecido e repetitivo quando não se tem vocação para representar. Todas temos um ideal de primeiro encontro à filme com um jantar que se prolonga até ao nascer do Sol. Mesmo quando o primeiro encontro ocorre num local ruidoso sem lugares sentados como o mercado de Campo de Ourique, ou num sítio sem charme como a praça de alimentação de um shopping, mais vale arriscar e ser tão espontânea quanto as circunstâncias permitem em vez de ficar por casa a preguiçar no sofá.
9. Não fazer as perguntas certas
Isto tem a ver com a conversa que se tem num primeiro encontro. É normal falar de trabalho, de viagens, de restaurantes e dos amigos comuns. Conhecer alguém pressupõe fazer perguntas surpreendentes sem entrar em detalhes sentimentais. Por exemplo: Qual foi o maior desafio que já tiveste na vida? Qual foi o momento em que te sentiste mais realizado? Como imaginas a tua vida daqui a dez anos?
10. Colocar demasiada pressão sobre si próprias
Há pessoas que estão felizes sozinhas, o que as torna mais exigentes em relação ao parceiro com vantagens competitivas suficientes para entrar no seu espaço. Outras sentem-se miseráveis na condição de solteiras o que as coloca num estado de desespero que assusta qualquer candidato. Para além da pressão pró ou anti-solidão que as mulheres naturalmente se infligem, há ainda a dos pais, irmãos, primos, sobrinhos, amigos e anónimos que inevitavelmente perguntam, criticam ou olham com ar condescendente para as pessoas que se aventuram a sair à rua sem acompanhante.
Na prática, estar solteira ou divorciada há-de ser tão difícil quanto estar mal casada, mas como encontrei este artigo na net decidi partilhar já que o estado civil é um dos atributos que define a nossa marca.
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