sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eu não sou ninguém sem os outros

Por mais tonta que pareça a frase do título é mesmo verdade que precisamos dos outros para sermos alguém.
Somos gregários por mais independentes ou emancipados que nos proclamemos.
Numa equipa as diferenças são forças.
Apesar de não ser grande fã de futebol nem perceber grande coisa sobre as regras do jogo alcanço que a qualidade de uma equipa deriva da complementaridade entre a defesa e o ataque, da consistência entre os que andam lá pelo meio e da segurança altiva do que guarda a baliza como se esta fosse um castelo.
Quando trabalhamos em equipa, principalmente quando somos líderes, temos uma tendência natural para rejeitar as perspectivas dos outros.
As marcas que ganham a empatia do público não são as que se elevam por publicidade comparativa, denegrindo as marcas concorrentes.
Ser capaz de aceitar críticas e conselhos faz mais pela personalidade da marca que somos do que qualquer memória descritiva do nosso ego.
Na realidade quem faz as marcas são os consumidores.
Definido um conceito e um conjunto de atributos é essencial que a mensagem seja percebida tal como idealizada pelos teóricos. Quer isto dizer que para nos promovermos como marca não é suficiente identificarmos as nossas mais-valias e esperarmos que estas sejam reconhecidas como se as trouxéssemos tatuadas no corpo. As qualidades da marca "EU" que queremos vender como serviço intangível só são valiosas se percebidas e apreciadas pelo público-alvo.
Muitas pessoas acreditam que o desenvolvimento da sua marca pessoal passa pelo guarda-roupa e por uma atitude elitista perante os outros. Sendo certo que a embalagem é importante - porque afinal é a primeira coisa que se vende - e que uma certa arrogância à Mourinho é susceptível de inspirar respeito, se o conteúdo defraudar as expectativas a marca "EU" que prometemos em pouco tempo decaí para o estatuto de contrafeita.
Acreditar que sinais tão fúteis e frágeis como a imagem ou a pose são argumentos suficientes revela uma ingenuidade de alcance curto, com fracas probabilidades de sucesso. Na prática muitas pessoas desconhecem as suas vantagens competitivas não sabendo por isso como valorizar os atributos que fazem do produto "EU" uma espécie de fórmula secreta (como a da Coca-Cola, porque não?).
O primeiro passo de uma estratégia é uma análise S.W.O.T. do que somos e do contexto.
Só assim conseguimos identificar oportunidades e selecionar as qualidades que são mais relevantes para sobressairmos como iguaria gourmet entre os "nabos" e "chouriços" que competem no mesmo segmento.
Sermos um produto bom, genuíno, credível, assim como um Porto Vintage de um ano de boas colheitas, passa também por sermos capazes de incentivar aqueles que nos rodeiam a desenvolver-se como marcas de forma a expandir o mercado.
Qualquer jogador numa equipa é um concorrente potencial quando se aproxima a época das transferências ou de apuramento para a selecção. Mas se o conjunto for fraco não há Cristiano Ronaldo que se safe!
A existência de uma equipa forte, mesmo que os que nos são sucedâneos ascendam com legitimidade à categoria de concorrentes, vai obrigar-nos a melhorar constantemente o produto elevando a marca que somos sem insuflar em demasia o ego.


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