sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sair da zona de conforto

O conceito de zona de conforto é um dos soundbytes da nossa vida adulta.
Segundo a Wikipedia a zona de conforto é constituída por uma "série de acções, pensamentos e/ou pensamentos que uma pessoa está acostumada a ter e que não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco."
Por definição, aqueles que se confinam à sua zona de conforto, ao perímetro de segurança cujos limites são tangíveis e concretos, têm um desempenho constante e certo. Esta estabilidade poderá ser uma vantagem se a performance for excelente, mas será certamente um obstáculo à evolução pessoal já que qualquer passo em frente pressupõe avançar para lá desse perímetro em que nos julgamos bons ou competentes.
Todos conhecemos pessoas cuja zona de conforto é uma área curta de fronteiras estanques e pessoas que arriscam com peso, conta e medida, a passos curtos e hesitantes. Apenas uma minoria se lança de cabeça no abismo, viciados na adrenalina ou movidos por uma ambição sem freio. Diz-se que a sorte protege os audazes mas muitos dos que arriscam acabam eventualmente por esbarrar no mito que descreve o "princípio de Peter", estatelando-se sem glória no limite da sua incompetência.
Recentemente, a Black Management Association da Kellogg School of Management promoveu a sua tradicional conferência anual. Um dos painéis foi inteiramente dedicado a esta temática da gestão do "eu" como marca.
Um dos oradores, George Casey, um general retirado do U.S. Army daqueles com muitas estrelas e medalhas, dissertou precisamente sobre a importância de sairmos da nossa zona de conforto se queremos chegar a algum lado.
Apesar de este senhor ser um militar de barba rija, daqueles de quem se esperam ordens de comando e gritos de guerra, as suas recomendações, tal como resumidas num artigo da Bloomberg Business Week de 22 de Novembro de 2013, são bastante simples e pacíficas:

Regra 1: sê tu próprio/a
Este conselho quase parece uma liturgia do Paulo Coelho...
Nós não somos bons em tudo. Como qualquer ser humano temos pontos fortes e pontos fracos. Se formos honestos connosco próprios, realistas em relação às nossas potencialidades sem inseguranças nem preconceitos, seremos mais precisos a identificar as áreas em que temos maior probabilidade de ter sucesso.
Temos uma tendência natural para desenvolver uma personagem em contexto profissional, comportando-nos como a pessoa que gostaríamos de ser e não como aquela que somos realmente. Querer ser algo que não está na nossa natureza, não se enquadra nos nossos skills nem tem registo no nosso ADN vai fazer com que o nosso desempenho tenda para o medíocre, com que a prossecução dos objectivos se revele um desafio mais difícil, com que sejam mais ténues os resultados.

Regra 2: partilha-te
Isto não tem nada a ver com posts no FaceBook ou blogs na Internet.
Partilhar-mo-nos tem a ver com a forma como interagimos em equipa, como lideramos ou permitimos que nos liderem, como ensinamos ou aceitamos que nos ensinem, como somos capazes de nos apoiar nos outros para elevar as nossas competências mas também permitimos aos outros que brilhem em áreas que complementam e completam o nosso esforço.

Regra 3: valoriza-te
Todos somos diferentes. Ainda bem!
Sem querer ofender ninguém creio que há uma apetência natural das mulheres para se desvalorizarem e uma tendência natural dos homens para se fazerem mais fortes do que são realmente. Uma das conquistas que surge com a maturidade é a capacidade para identificarmos as nossas mais-valias, tendo a humildade suficiente para não fazer destas um factor de exibicionismo e inteligência quanto baste para as esgrimirmos como argumento.


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