Já se sabe que nos tempos que correm o melhor marketing é o que se faz através das redes sociais, capitalizando contactos por um custo exponencialmente mais baixo à medida que uma imagem desencadeia uma virose de cliques e likes que se espalham mais rápido do que o Ebola.
Todos sabem que assim é. Até os rebeldes que supostamente têm a mente formatada a uma cultura do século passado, vivem nas montanhas e odeiam de forma violenta tudo o que seja reflexo de um mundo ocidentalizado, com liberdade de expressão e modelos de fé branda que não requerem devoção exacerbada, derrame de sangue ou violência gratuita.
Por estes dias correram pelas redes sociais videos como o da execução do jornalista James Foley, que aumentam o protagonismo de uma horda de mercenários que defende um Estado Islâmico como nação absolutista, obcecados por um ideal de religião selvagem, cega e tirana.
Vemos estes vídeos de execuções brutais como visualizamos os dos baldes de água fria.
Sucede porém que quando a cena bárbara acaba não se vai ouvir um "corta", com o executado a levantar-se de sorriso nos lábios, sacudindo o pó das calças e piscando o olho ao carrasco de ombros largos que segundos antes lhe rasgava a carótida.
O morto transforma-se num cadáver sem dignidade que sequer retorna a casa enfiado num saco plástico. O soldado que interpreta esta "guerra Santa" continua a sua existência alucinada sendo certo que quando se implodir como mártir não vai acordar num Céu que lhe foi vendido como um harém com virgens muçulmanas vestidas de burka.
Sempre que vemos estes vídeos, sempre que permitimos que um rebelde debite meia dúzia de frases crispadas carregadas de antagónica retórica, estamos a aumentar o número de visualizações, o indicador mágico que denuncia que uma mensagem se tornou viral à escala planetária.
Eu sei que é difícil resistir à tentação.
Estamos viciados em imagens não editadas, sem cortes e sem censuras, a este acesso livre à informação, possibilidade que distingue o nosso mundo cheio de defeitos e pecados do planeta castrador onde estes fundamentalistas vivem. A nossa curiosidade mórbida dá-lhes poder, eleva a sua notoriedade, repete a sua mensagem alienada que apesar de obscura consegue mobilizar jovens insuspeitos de raiz cristã, que por tédio, por solidão ou por ingenuidade se deixam absorver pela demagogia da Jihad sem perceber que esse é um caminho sem volta.
Ignorar estes terroristas de negro não é ser ignorante.
Se formos suficientemente convincentes a fingir que os ignoramos, que não nos impressionamos com os seus métodos sanguinários e com a violência das suas crenças, vamos reduzir a sua existência ao estatuto do anonimato, combatendo a sua força beligerante com um táctica de luva branca, pacífica, eficaz e limpa.
Assim seja.
O conceito não é novo e fiquei surpreendida por este endereço ainda estar disponível. Afinal o óbvio nem sempre é uma evidência para o comum dos mortais. Confirma-se que as boas ideias, por mais banais e banalizadas, podem sempre ser usadas, recicladas, convertidas em tesourinhos deprimentes ou elevadas ao estatuto de vintage.
É uma realidade bem escrita, para refletir, na Liberdade ou falta de respeito, pela sensibilidade dos cidadãos.......
ResponderEliminarObrigada pelo comentário!
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