segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Life's a beach...


Por estes dias estive de férias.

Antes da partida os dias foram curtos para as imensas tarefas a antecipar; as horas tornaram-se apertadas para os compromissos que subitamente se revelaram inadiáveis; cada minuto foi contado, contabilizado e rentabilizado de forma a garantir uma pausa de sete dias sem acesso a mail e com reduzido acesso ao telemóvel.
Sim, foram apenas sete dias noutro fuso horário, sem wi-fi, num novo planeta onde não me faltou apenas a rede, mas sim todas as redes que ao longo do dia me permitem viajar para lá dos metros quadrados do open space.
No regresso, na semana adicional de férias com que me premiei (depois de três anos em que nunca gozei mais do que cinco dias úteis seguidos, dez dias de férias por gozar acumulados por cada ano de trabalho), para grande surpresa minha, não tive vontade de "me ligar".

Ando há algum tempo a readaptar-me aos horários e compromissos, como quem recupera de um inter-galáctico jet lag.

Quando nos remetemos a uma cura de sono, a uma terapia assente em petiscos, sestas à sombra e passeios pela areia, brincando infantilmente com as ondas do mar, percebemos como são longos os dias, quanto podem ser profundas as conversas, como é maravilhoso estar num sítio que fazemos nosso - apenas estar, sem agenda nem plano fixo - usufruindo de uma existência com regras subtis, que dispensa o smartphone e o ipad.
O meu regresso à vida real foi caótico, como sucede sempre, mesmo sendo este o mês em que os telefones tocam menos vezes e é reduzida a probabilidade de se marcarem reuniões estratégicas ou de receber pedidos de relatórios com mais de duas páginas.

Fiz um retiro numa praia com um número restrito de turistas, sem feeds, comentários ou gostos. Redescobri como somos mais livres e genuínos quando nos libertamos dos trajes e máscaras com que nos passeamos pelos cenários que edificamos para contar a nossa história. Confesso que não resistiria a tamanha calmaria como rotina porque o bulício e o caos latino são substâncias aditivas que me correm no sangue.

Admito contudo que há muito tempo não me acontecia esta paz de espírito tão tranquila, estado de graça apenas possível quando o tamanho do nosso mundo corresponde à extensão de uma praia...



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