terça-feira, 13 de janeiro de 2015

"Je suis Charlie" já é uma marca?

Um chico-espero de um belga tentou registar a marca "Je suis Charlie".
Como é evidente o pedido será declinado mas a visão deste homem, se não se basear unicamente num rasgo de esperteza saloia, revela um sentido de marketing extraordinário.
Se pensarmos que o valor de uma marca decorre dos produtos, pessoas e reputação que lhe estão associados, então a frase repetida, impressa, exibida e partilhada até à exaustão nos últimos dias reúne todas as condições para ser considerada uma top brand.

Ainda ontem, nos Globos de Ouro, várias celebridades exibiam a marca da moda com mais orgulho do que a da vestimenta patrocinada.
As razões que fazem de "Je suis Charlie" uma marca milionária são:
1) Omnipresença
Esta marca já se tornou quotidiana, tão presente como a marca da pasta de dentes ou do gel de banho, tão reveladora da nossa personalidade como a marca do perfume ou do casaco.
2) Tendência para a valorização
É claro que este fenómeno de histeria silenciosa que até atirou a Merkel para os braços do Hollande vai acalmar. Sucede porém que, a acreditar no infeliz vaticínio de que os acontecimentos da semana passada vão mudar para sempre a paz podre entre o mundo Muçulmano Radical e o Ocidente, a frase "Je suis Charlie" jamais será erradicada do nosso léxico.
3) Apelo a emoções
É claro que "Je suis Charlie" é uma marca que incorpora o toque mágico que tantas marcas ambicionam: mexe com as nossas emoções mais básicas. Já se sabe que as marcas que conseguem estabelecer laços emocionais agarram-se à nossa selectiva memória como uma espécie de tatuagem...

Nos próximos tempos a própria utilização do "Je suis..." será garante de atenção e promessa de viralidade. Em situações destas os marketeers não podem ficar adormecidos já que oportunidades de alavancagem destas são um oásis.
A Apple, que no que toca à inovação sofre de insónias, aprovou sem hesitar uma aplicação que ajuda a espalhar a mensagem de apoio à liberdade de expressão. Este pedido foi colocado por uma pequena empresa francesa que conseguiu o feito de validar a sua pretensão em tempo recorde. Como diria a minha sábia avó "quem sabe, sabe..."








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