A questão fundamental, mais dramática do que a violência gratuita, mais perigosa do que este fundamentalismo cego e insano, é porque razão tantos miúdos aderem a estes movimentos radicais rebelando-se contra o estilo de vida ocidental que supostamente os acolhe?
Sabemos que o enquadramento social e o ambiente familiar são factores que influenciam a integração dos indivíduos. Existem imensas justificações para explicar porque razão alguns conseguem alhear-se da violência doméstica, da brutalidade, da delinquência, da droga, da promiscuidade, enquanto outros de afundam e afogam neste pântano negro que os condena de forma perpétua antes mesmo da primeira infracção às leis dos homens. Não me parece contudo que se tenham desenvolvido até ao momento teorias suficientemente estruturadas que desenhem o perfil e o percurso daqueles que se deixam seduzir pela Jihad.
Mesmo sabendo que existem norte-americanos entre os jihadistas fanáticos, no contexto actual é pertinente aprofundar a alegada falta de integração de jovens supostamente europeus nesta sociedade azul de estrelas douradas.
A conclusão é simples:
a Europa é apenas uma entidade burocrática
com moeda única e liberdade de circulação.
Enquanto que em relação a países como o Brasil ou como os Estados Unidos existe uma identidade única e inequívoca, uma série de atributos positivos que fazem com que os cidadãos desses países (os que lá nasceram ou para lá emigram) se queiram sentir naturais e assimilar por osmose essas características benfazejas que prometem fazer deles pessoas melhores, na Europa não existe essa identidade partilhada orgulhosamente nem sequer um esforço deliberado para que a União que supostamente existe ao nível político se reflicta espontaneamente no estado de espírito dos cidadãos.É evidente que a União Europeia não é uma nação mas sim um conjunto heterogéneo de nações, o que constituí um obstáculo profundo à disseminação de um sentido de identidade comum. Falamos línguas diferentes, temos heranças históricas distintas, pensamos e reagimos de formas muito particulares. Acresce ainda, e esta talvez seja a desconformidade mais séria, que não nutrimos grande respeito uns pelos outros, com os alemães a tratarem os gregos como tontos e todos os outros como filhos de um deus menor; com os franceses a cultivarem um chauvinismo histórico que os torna insuportáveis; com os ingleses a isolarem-se na sua ilha como europeus de outra casta e os nórdicos ignorando educadamente tudo o que se passa para lá da sua sauna.
O que falta à Europa é definir-se como marca,
consolidando um conceito tão forte e potente
que desenvolva em todos os que habitam no espaço Schengen
o orgulho imenso em afirmar "eu sou cidadão europeu!"
Quando uma marca nos toca desenvolvemos em relação a esta uma devoção similar à que nutrimos pela Coca-Cola versus Pepsi. Isto não quer dizer que não sejamos consumidores da segunda quando a primeira não está disponível, mas sim que não assumimos a troca de forma leviana. Por outro lado, somos solidários com os que preferem Pepsi e dificilmente os demovemos da sua opção. Deveríamos aplicar este respeito pelas preferências entre refrigerantes a todas as decisões de escolha dos que gravitam na nossa órbita.
Para a Europa, os conceitos-chave que urge trabalhar são
Optimismo solidário
Conseguiremos todos superar a crise que assolou a Europa porque somos uma nação que se ajuda sem cobranças e contrapartidas que fazem lembrar pactos com o diabo.
Tolerância
Sendo a Europa constituída por povos tão diferentes, com raças distintas, religiões variadas e orientações políticas nem sempre convergentes, está na nossa genética a tolerância em relação aos outros, independentemente da sua ascendência, origem, ideologia ou fé.
Uma estratégia de marketing tão ambiciosa é viável como demonstra o sinal de pertença que levou milhares de europeus a unirem-se em marchas, vigílias e protestos desenvolvendo sinais e códigos próprios, que em termos de marketing vão do merchandising aos elementos visuais chave que distinguem uma marca.
Se acreditarmos que estas são as qualidades que definem a nossa terra-mãe, seremos de forma espontânea uma sociedade que integra melhor os que se sentem estrangeiros, minimizando assim a procura de realidades paralelas alternativas que sob o ponto de vista do marketing são marcas rascas de contrafacção.
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