quinta-feira, 12 de junho de 2014

O Brasil é uma marca poderosa!

Não é preciso ser nenhum guru ou visionário para perceber que o Brasil é uma marca poderosa.
O Brasil tem como principais atributos as praias paradisíacos, a luxuriante Amazonia, a alegria contagiante do seu povo, a musicalidade do samba... argumentos universais que identificam uma cultura colorida, reconhecida como única e exclusiva pelos próprios e pelos outsiders.
Sublinho aqui o facto de o povo brasileiro ter esta consciência colectiva em relação aos traços que o definem como raça singular.
É claro que o Brasil tem os seus defeitos e a população na sua maioria não é sequer bonita, muito menos culta ou interessante. Mas enquanto que a nós nos calha o rótulo de mulheres com bigode, às cariocas agarra-se o deslumbramento da bunda no biquini e do rebolar sensual.
É uma questão de marketing genético (inventei este termo aqui), uma propensão para a auto-avaliação positiva, característica que não é comum nos patrícios, aqueles que se queixam da vida, trabalham mais do que se divertem, agarrando-se às tragédias e fatalismos tão bem cantados no fado.
A organização do Mundial de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016 elevam o orgulho da nação brasileira a uma escala galáctica, reforçando este sentimento de sobranceria sem arrogância, que distingue um povo que temos como feliz, generoso e simpático.
Para além destas apreciações com o seu quê de subjectivo, o facto mais relevante na análise do potencial do Brasil enquanto marca é a força da sua economia.
Estes eventos internacionais alavancam os sectores da construção e do turismo, e todos os negócios que gravitam em seu redor, fomentando o emprego e assegurando a prosperidade económica de uma sociedade consumista, que por tradição vive em festa cada dia, tendo por isso pouca apetência para a poupança ou para a parcimónia
Aos marketeers interessa saber que o Brasil é o quinto maior mercado on-line (cerca de 79 milhões de pessoas com acesso à internet), com mais telemóveis do que habitantes e uma apetência notável para novas tecnologias e social media.
Este ideal de Brasil que tem estatuto de marca é o resultado de uma estratégia desenhada para o país na década de 50, que se foi cumprindo de forma lenta mas consistente entre crises económicas, escândalos políticos, caciquismos e corrupção.
A construção da marca Brasil começou com Juscelino Kubitschek, Presidente entre 1956 e 1961, o homem que fez o país progredir 50 anos em 5 através da atracção de investimento directo estrangeiro (nomeadamente da indústria automóvel) e que encomendou a Oscar Niemeyer a concepção de uma capital avant-garde no impenetrável centro do Brasil com o intuito de desmistificar definitivamente a ideia de uma nação de bananeiras e de praias.
Contudo, para muitos foi o Campeonato do Mundo do Futebol de 1958 que fez despoletar o orgulho próprio da nação. Com um Campeonato do Mundo prestes a estrear a questão que fica é "até onde pode ir o Brasil se conquistar a cobiçada taça?"

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