terça-feira, 8 de julho de 2014

As marcas que o Brasil tem...

O quê que a Baiana tem?
Tem biquini atrevido, tem
Tem havaiana no dedo, tem
Tem roupa colorida, tem
Tem creminho no corpo, tem...

O bom do Brasil enquanto marca é que os seus atributos de cor, calor, alegria são tão vibrantes que qualquer produto que evoque paisagens luxuriantes, praias paradisíacas ou mulheres curvilíneas vende.
Portugal tenta fazer vingar o conceito de marca apostando no azeite e nos sapatos, na agricultura e indústria, num turismo de posicionamento esquizofrénico entre a melancolia sénior e a adrenalina do desporto aventura.
O Brasil exporta-se por ser bonito e sexy, 
Por exemplo, no calçado, todo o mundo conhece a marca Havaianas e suspira pelo ideal idílico que um chinelo no dedo representa. Mas o Brasil exporta outras marcas de calçado em plástico injectado (como a Melissa) a preços premium para mercados tão sofisticados como Los Angeles e Tokyo. A qualidade neste caso há-de ser um atributo intrínseco não um argumento para o marketing. As marcas de calçado que o Brasil vende são moda, mas acima de tudo são um estilo de vida.
Os brasileiros nutrem um amor efusivo pelas suas marcas e uma paixão entusiasta pelas marcas dos outros. Trata-se de uma nação consumista, com um forte crescimento económico, muito atraído pela inovação tecnológica e pelo universo "estrangeiro".
Nós por cá investimos em campanhas que evocam o orgulho no "made in Portugal" quando tal patriotismo deveria ser inato. Eles por lá, entre a simpatia genuína e o sorriso treinado em cursos intensivos de vendas, defendem como podem a indústria nacional, disciplinado com inteligência o investimento estrangeiro.
Os portugueses nasceram com uma melancólica carga genética cantada no fado. Os brasileiros nascem felizes só porque sim, num pais onde são ainda gritantes as diferenças entre classes sociais, com uma população imensa que não domina a palavra escrita, uma também imensa classe média em ascensão e uma classe alta mais pequena, mesmo assim muito relevante, com acesso a tudo o que no mundo há de melhor, formação nos Estados Unidos ou nas melhores universidades europeias, viagens frequentes para compras em Paris ou em Nova Iorque, um poder de compra que é um deleite para qualquer marca de luxo que se preze.
O know-how em marketing que aos brasileiros parece surgir por hereditariedade aliado aos investimentos multimilionários que fazem as marcas que querem estar neste mercado em crescimento, fazem do Brasil um case study dinâmico a que vale a pena estar atento.
Mesmo com tantas diferenças étnicas e culturais o Brasil mantém-se unido enquanto nação apoiado em básicos como o futebol, o samba ou a magia negra.
À hora a que escrevo este post o Brasil está fóra do Mundial. Só espero que este golpe no orgulho nacional não detone o barril de pólvora adormecido entre as praias de postal, as roças e as favelas...





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