Coisas minhas... UP - Turma de Gestão 91/96

Ontem tive um jantar de faculdade: um daqueles encontros que se fazem a espaços largos onde tentamos recordar os nomes das caras que ainda reconhecemos e associar identidades a rostos que já não lembramos.
Na faculdade, como na vida, tendemos a isolar-nos em grupos estanques que mal se falam.
Esta tendência grupal persegue-nos desde a pré-primária, com a separação entre meninos e meninas, evoluí na primária para uma segregação entre bons e maus, refina-se no secundário com a subdivisão por castas e categorias, com códigos e etiquetas de expressão própria. Quando começamos a trabalhar sabemos que temos de ser politicamente correctos e cordiais com toda a gente, mas numa atitude nem sempre consciente diferenciamos os colegas entre aqueles com quem partilhamos desabafos, aqueles com quem apenas falamos sobre o tempo e os que nos limitamos a tratar com um silêncio alimentado de "bons-dias" enquanto esperamos que a máquina de café verta a dose de cafeína no copo de plástico.
No encontro de ontem, como sucedeu aliás no último jantar há oito anos, fiquei com a sensação de que se não nos tivéssemos desagregado pelos grupos que então construímos teríamos todos sido bons amigos, gajos e gajas porreiras, na altura afastados por diferenças fúteis e por uma indiferença branda.
Penso sempre que o melhor momento da minha vida é o presente. Guardo excelentes recordações do passado mas não tantas nem tão intensas que me façam ter vontade de encapsular num determinado período cronológico.
Fico contudo nostálgica sempre que revejo estes colegas que foram meus amigos num dado contexto, lamentando profundamente o facto de nos termos isolado nas nossas famílias e rotinas, reféns de projectos e do trabalho, desvalorizando este milagre chamado destino que nos juntou há mais de vinte anos ainda jovens com borbulhas, tão cheios de sonhos e de esperanças.
Desde então crescemos muito, fizemo-nos homens e mulheres, pais e mães de família, bem sucedidos ou assim-assim, realizados, inconformados, indecisos, foragidos, sedentários, bons ou maus profissionais mas acima de tudo seres humanos completos, únicos e extraordinários.
Perdemo-nos de vista, perdemos a inocência maliciosa daqueles dias, perdemos brilho e perdemos entes queridos, tivemos dores que nunca supusemos que existissem mas vivemos também momentos de irrepetível felicidade.
Somos agora quarentões fantásticos, que confesso conheço melhor via Facebook do que conheci na faculdade, pessoas diferentes e singulares que me surpreendem a todo o momento com o carinho sincero e com os abraços sentidos, na procura deste eixo de vida que são as raízes comuns lançadas num tempo em que usávamos penteados impossíveis e calças de cós alto.
Há palavras de verbalização difícil, que soam embaraçosas ou despropositadas. Como sempre escrevi sobre o que sentia melhor do que sou capaz de demonstrar, aqui fica a minha declaração comovida para os que perguntaram por aquele prolongamento de mim que era o blog das "teorias da Costa"*:
GOSTO MUITO DE VOCÊS!!!
* Prometo que em breve o vou recuperar, para já encontram-me por aqui...

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